Este texto nasceu de uma entrevista para um trabalho de faculdade da minha querida amiga Paulinha Cândido que faz psicologia na PUC MINAS.
Trabalhar significa ter o próprio dinheiro, uma forma de independência., uma forma de se sentir útil no mundo. Este ser que vos escreve teve paralisia cerebral aos oito dias de vida e graças a minha força de vontade e ao apoio de todos que me cercam, esta paralisia é apenas um detalhe que não me faz nem ser inferior e nem superior a outras pessoas. Neste texto, farei uma reflexão de como é o trabalho, as dificuldades e facilidades do trabalho para um Paralisia Cerebral (PC).
|Muitos de vocês perguntam como o Leo trabalha, o que é o trabalho para uma pessoa com limitações. Bom, comecei a trabalhar no Núcleo de Apoio a Inclusão da PUC Minas em 2010, por intermédio da Professora Nivânia, que havia me conhecido criança na Escola Brincar. No NAI, foi uma relação ótima, comecei a ter independência, de voltar de metrô para a casa, muitas vezes sendo guia de um colega cego, era uma experiencia fantástica, me senti parte integra deste núcleo. Ao mesmo tempo, fiz o concurso do Banco do Brasil e já era formado em jornalismo, mas o trabalho na Universidade me fez abrir os olhos para a importância do trabalho e me deu novo rumo a encarar as dificuldades do mundo em si.
Uma certa tarde, me chamam para entrar no Banco, o que era para ser uma alegria para muitos, para mim foi uma tristeza, ter que largar o NAI foi um processo duro e difícil, mas que me fez muito bem. Medos, incertezas, duvidas pairavam na minha cabeça, mas resolvi ir em frente e aceitar esse desafio. Tomei posse no dia 21/02/2011, no centro de BH, fui bem acolhido, mas verde ainda apanhei do mundo do trabalho, na verdade, ainda apanho.
Mas nestes 8 anos de Banco, só levo experiencias boas, cresci como profissional, aprendi a ser útil para os outros. Claro que ainda tem muita gente preconceituosa, com excesso de zelo, muita gente que não sabe lidar com os meus movimentos bruscos e involuntários, mas recebo todo o respaldo da Empresa, tudo que eu peço eles ajudam, cadeiras, rampas de acesso, não tenho nenhum tipo de dificuldade e limitação para realizar meu trabalho.
Desde que entrei no Banco, trabalho no Centro de Operações na Rua Guarani, no centro de BH, uma das coisas boas que o trabalho me proporciona é o fato simples de caminhar no Centro, enfrentar muitas vezes o preconceito das pessoas, a cara de surpresa de quando descobre que um PC pode ter uma vida normal. E faço isso com o sorriso no rosto.
Não é fácil, é uma rotina cansativa, mas que me deixa muito satisfeito e feliz de trabalhar, ter o próprio dinheiro, comprar as coisas, se divertir, enfim. Agradeço a todos os meus colegas de trabalho por me ensinarem muito. E a vida porque a vida é algo que nos guia por esse mundo todo.
Léo. Vc é um exemplo para todos nós. Tenho orgulho de ter recebido você aqui no Banco do Brasil , nos seus primeiros dias de trabalho, e poder participar no dia a dia da sua caminhada, que não é fácil , mas nos mostra que mesmo diante as dificuldades, podemos e devemos ser felizes e respeitar sempre o próximo. Vc é o cara!!!! Orgulho para todos nós. Continuei assim, feliz e amigo de todos.
Grande abraço, do seu admirador e colega de trabalho, Ricardo Maciel
Você é uma pessoa admirável! Inteligente, batalhador, enfim, um vencedor!